Em meio a um cenário econômico desafiador, transferir uma dívida para outra instituição pode ser a chave para equilibrar as finanças e retomar o controle do orçamento.
Portabilidade de crédito é a transferência de um empréstimo, financiamento ou dívida de cartão de crédito de uma instituição financeira para outra, com o objetivo de condições mais vantajosas no mercado. Regulamentada pela Resolução CMN nº 5.057/2022, essa modalidade busca estimular a concorrência entre bancos e financeiras, incentivando ofertas de melhores taxas.
O principal intuito é promover a redução do Custo Efetivo Total (CET), englobando juros, tarifas e demais encargos, e dar ao consumidor maior poder de escolha. Trata-se de um direito gratuito garantido pelo Banco Central, sem cobrança pela transferência em si.
Dados da Confederação Nacional do Comércio apontam que mais de 13 milhões de famílias brasileiras estão endividadas. Dessas, cerca de 90% possuem dívidas no cartão de crédito, modalidade que desde julho de 2024 também permite portabilidade.
Em um exemplo prático, uma dívida no cartão que começa em R$ 1.000 pode facilmente ultrapassar R$ 2.000 em poucas faturas, devido a juros que chegam a 80% ao ano. Já o empréstimo consignado, cuja taxa média estava em 2% ao mês, pode ficar abaixo de 1,5% mensais após a portabilidade, gerando uma redução drástica do custo total pagos ao longo do contrato.
Ao avaliar cada oferta, é fundamental considerar a redução do juros, mas também observar se há exigência de contratação de seguros ou emissão de tarifas de avaliação.
É imprescindível ler atentamente o contrato e confirmar, junto à nova instituição, todos os encargos envolvidos para evitar surpresas.
Em todos os passos, o consumidor deve acompanhar os prazos e exigir confirmação escrita da quitação na instituição anterior.
Antes de migrar uma dívida, vale a pena considerar:
• Comparar as propostas pelo Custo Efetivo Total (CET), que reúne juros, tarifas, IOF e demais encargos.
• Realizar simulações de pagamento considerando o valor da parcela e o prazo remanescente.
• Analisar o perfil financeiro atual, avaliando capacidade de pagamento e eventuais variações de renda.
Uma tabela comparativa pode ajudar a visualizar claramente as diferenças:
Esses números são exemplos práticos que ilustram a economia real no longo prazo quando bem planejada.
Desde julho de 2024, o consumidor pode portar sua dívida de cartão de crédito. Empresas têm até cinco dias úteis para cobrir a proposta ou liberar a transferência.
Em um caso prático, um profissional liberal conseguiu migrar um saldo devedor de R$ 3.000 do cartão com juros de 10% ao mês para uma nova instituição que ofereceu 4% ao mês, reduzindo a dívida para R$ 1.900 em um ano.
Outro exemplo envolve servidor público que, ao portar empréstimo consignado de 2% para 1,4% ao mês, diminuiu em R$ 600 o valor total pago em dois anos.
A portabilidade de crédito é um direito garantido pelo Banco Central, sem custo para o cliente. A Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) acompanha todo o processo de consignado, assegurando rastreabilidade e segurança.
É vedada a cobrança de qualquer taxa específica pela portabilidade, embora instituições possam cobrar tarifas convencionais de análise ou cadastramento.
Em um mercado onde as taxas oscilam e a inflação corrói o poder de compra, assumir uma postura proativa pode fazer toda a diferença na saúde financeira.
Seja por meio de planilhas, simuladores ou orientação de especialistas, investigar e comparar propostas é um exercício de planejamento financeiro consciente e responsável. A portabilidade de crédito, além de ferramenta técnica, representa um passo rumo à liberdade econômica e ao bem-estar emocional.
Não adie o processo: agende uma consulta, reúna documentos e solicite simulações. Ao aproveitar o mecanismo de portabilidade, você reforça sua posição de consumidor informado e fortalece a processo rápido e transparente que o coloca no centro das decisões.
Ao final, a verdadeira conquista não está apenas na redução de juros, mas na sensação de autonomia ao moldar as próprias finanças e caminhar em direção a um futuro mais equilibrado e seguro.
Referências