Gerenciar dívidas e evitar armadilhas financeiras exige informação, disciplina e planejamento adequado.
O Brasil viveu um movimento significativo de expansão de crédito nos últimos anos. Em 2024, a concessão de empréstimos aumentou quase 11% em relação a 2023, com o saldo total no Sistema Financeiro Nacional atingindo R$ 6,4 trilhões. Essas cifras refletem tanto o aumento de oportunidades de acesso ao dinheiro quanto a necessidade de cuidado ao comprometer o orçamento.
No crédito livre, famílias tomaram mais de R$ 2 trilhões, um crescimento acima de 12%. Para empresas, o volume chegou a R$ 1 trilhão, 8,5% superior ao ano anterior. Em abril de 2025, as concessões de crédito somaram R$ 639,9 bilhões, um acréscimo de 4,3% em relação ao mês anterior.
Entretanto, as taxas de juros médias ainda impressionam: o crédito livre para pessoas físicas manteve-se em 40,8% ao ano. O crédito consignado para setor privado atingiu 59,1% ao ano em abril de 2025, enquanto o crédito direcionado gira em torno de 12,2% ao ano para pessoas físicas.
Apesar desse cenário, a inadimplência apresentou leve recuo: atrasos acima de 90 dias caíram para 5,3% entre pessoas físicas (-0,3 p.p.) e 2,5% no setor empresarial (-0,6 p.p.), sinal de maior cautela e gestão por parte dos tomadores.
Antes de buscar crédito, conheça as principais modalidades disponíveis:
Cada modalidade atende a perfis e objetivos distintos. Avaliar custos e prazos é essencial para não comprometer o orçamento.
Assumir uma dívida sem planejamento pode gerar consequências graves. Evite essas falhas comuns:
Antes de assinar o contrato, faça a si mesmo perguntas-chave:
• Você realmente precisa de todo o valor solicitado?
• Seu orçamento atual comporta as parcelas sem apertos?
• Em quanto tempo a dívida será liquidada?
• O valor emprestado cobre sua necessidade real ou está sendo usado para consumo supérfluo?
• Possui uma reserva de emergência para imprevistos ou quitação antecipada?
Compreender termos básicos ajuda a tomar decisões mais seguras:
Para manter as finanças saudáveis e evitar surpresas, adote as seguintes estratégias:
Investir em conhecimento é a melhor forma de evitar endividamento excessivo. Programas como “Finanças para Todos” e iniciativas do CNSF oferecem cursos e ferramentas gratuitas.
Participar de workshops, ler livros e acompanhar conteúdos de especialistas fortalece habilidades de planejamento, previsão de necessidades e controle emocional na hora de tomar crédito.
• Um jovem profissional optou por um empréstimo para financiar um curso de pós-graduação. Ao planejar antecipadamente e reservar 20% da renda, quitou a dívida antes do prazo sem comprometer o dia a dia.
• Uma pequena empresa negociou operação de crédito direcionado para renovar equipamentos. A taxa de 12,2% ao ano, inferior ao mercado, permitiu expandir produção sem apertar o fluxo de caixa.
• Usuários de fintechs têm aproveitado empréstimos entre pessoas físicas para reorganizar dívidas com juros elevados e conquistar taxas mais acessíveis, personalizando prazos e valores.
O descontrole pode gerar impactos negativos duradouros:
• Orçamento familiar comprometido, com restrição de consumo.
• Aumento da inadimplência e dificuldade de negociação de novos créditos.
• Acúmulo de juros e encargos, provocando sobre-endividamento.
• Acesso futuro a linhas de crédito mais caras e menos vantajosas.
Controlar os gastos com dinheiro emprestado requer disciplina, informação e atitudes proativas. Ao compreender as modalidades de crédito, comparar condições e adotar um planejamento financeiro consistente, é possível utilizar recursos de forma inteligente e estratégica, evitando dívidas desnecessárias e construindo uma trajetória sólida rumo à liberdade financeira.
Referências