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Evite parcelar compras sem necessidade real

Evite parcelar compras sem necessidade real

26/05/2025 - 19:56
Lincoln Marques
Evite parcelar compras sem necessidade real

Em um cenário econômico desafiador, o parcelamento sem juros se tornou uma prática comum entre os consumidores brasileiros. Apesar de atrativa, essa modalidade pode esconder riscos financeiros e custos embutidos no preço dos produtos. Neste artigo, vamos explorar como a cultura do parcelamento impacta o orçamento familiar, quais são os riscos de manter várias parcelas ativas sem necessidade real e como adotar hábitos de consumo mais conscientes.

Com base em dados recentes e análises de especialistas, apresentamos um panorama completo do uso indiscriminado do parcelamento no Brasil e oferecemos orientações práticas para evitar armadilhas que podem comprometer seu controle financeiro.

O contexto do parcelamento no Brasil

Em 2024, dos R$ 2,8 trilhões transacionados em cartão de crédito, 41,1% foram pagos em parcelamento sem juros, totalizando R$ 1,3 trilhão. Compras à vista corresponderam a 57,4% do total (R$ 1,8 trilhão), enquanto apenas 1,2% do valor foi parcelado com juros. Nas compras presenciais, quase metade dos valores (49,5%) foi parcelado sem juros; no ambiente online, essa fatia chega a 47,6%.

Mesmo as compras do dia a dia, como supermercados, apresentam crescimento da modalidade: o peso das transações parceladas passou de 6,2% para 7,4% do valor total em um ano. O tíquete médio subiu de R$ 235 para R$ 270, e a inadimplência entre quem parcela nesses estabelecimentos é 30% maior do que entre os que pagam à vista.

Por que evitar o parcelamento sem necessidade real

Embora o parcelamento sem juros pareça oferecer facilidade imediata de pagamento, ele carrega um custo oculto que afeta todos os consumidores. Os lojistas antecipa m valores junto aos bancos, pagam taxas bancárias e repassam esses custos ao preço final, seja para quem parcela ou para quem paga à vista.

Ao parcelar despesas cotidianas sem planejamento, há risco de acúmulo de parcelas no orçamento, o que pode gerar pressões financeiras inesperadas no mês seguinte. Esse efeito bola de neve compromete o controle financeiro e aumenta a probabilidade de inadimplência.

  • Risco de endividamento e inadimplência: quem parcela compras básicas, como super mercado, registra maior índice de atrasos;
  • Custo oculto do parcelamento: toda a cadeia paga taxas embutidas no preço dos produtos;
  • Falsa sensação de orçamento folgado: a divisão em várias vezes gera a ilusão de maior poder de compra;
  • Perda de descontos à vista: muitas lojas oferecem condições melhores para pagamento à vista;

Quando faz sentido parcelar

Apesar dos riscos, o parcelamento pode ser uma ferramenta útil quando usado de forma estratégica e planejada. As situações mais recomendadas são:

  • Compras de alto valor emergenciais: eletrodomésticos ou serviços de manutenção essenciais sem outra fonte de liquidez;
  • Despesas inesperadas: contas de saúde ou reparos urgentes que não cabem no orçamento do mês;
  • Planejamento financeiro antecipado: dividir em parcelas já previstas no orçamento, sem comprometer outras despesas;

A chave é reservar espaço no orçamento familiar para arcar com as prestações, sem sacrificar itens essenciais ou recorrer a crédito adicional.

Dicas práticas para um consumo consciente

Adotar hábitos financeiros saudáveis exige disciplina e informação. Confira sugestões para reduzir o uso indiscriminado do parcelamento e manter o orçamento equilibrado:

  • Avalie sempre a real necessidade antes de optar pelo parcelamento; se a compra puder esperar, reúna recursos para pagar à vista;
  • Planeje o orçamento familiar mensalmente, incluindo todas as parcelas ativas, para evitar surpresas;
  • Pesquise descontos para pagamento à vista: negocie preços e condições, muitos lojistas oferecem redução de até 10% a 15%;
  • Controle o número de parcelas: prefira no máximo seis vezes, diminuindo o impacto nas faturas futuras;
  • Monitore os extratos: acompanhe regular mente lançamentos e datas de vencimento, evitando acúmulo de débitos;

Com esses cuidados, é possível aproveitar vantagens do cartão e evitar armadilhas que comprometem o equilíbrio financeiro.

Impactos macroeconômicos e considerações finais

O parcelamento sem juros é um dos motores do consumo no Brasil. Segundo especialistas, se essa modalidade fosse restrita, o volume de vendas poderia sofrer retração de até R$ 190 bilhões por ano, e o custo de crédito aumentaria até 35%. Por outro lado, o uso descontrolado pode gerar bolhas de crédito, pressionar o sistema financeiro e elevar índices de inadimplência.

Equilibrar o consumo e a saúde financeira individual contribui para a estabilidade do mercado como um todo. Ao evitar o parcelamento sem necessidade real, o consumidor preserva seu orçamento, fortalece a capacidade de negociação e estimula práticas de crédito mais responsáveis.

Em última análise, a melhor estratégia é valorizar o planejamento e a educação financeira. Com informação e disciplina, cada brasileiro pode transformar o cartão de crédito em um aliado, não em uma armadilha.

Lincoln Marques

Sobre o Autor: Lincoln Marques

Lincoln Marques