Em um cenário econômico desafiador, o parcelamento sem juros se tornou uma prática comum entre os consumidores brasileiros. Apesar de atrativa, essa modalidade pode esconder riscos financeiros e custos embutidos no preço dos produtos. Neste artigo, vamos explorar como a cultura do parcelamento impacta o orçamento familiar, quais são os riscos de manter várias parcelas ativas sem necessidade real e como adotar hábitos de consumo mais conscientes.
Com base em dados recentes e análises de especialistas, apresentamos um panorama completo do uso indiscriminado do parcelamento no Brasil e oferecemos orientações práticas para evitar armadilhas que podem comprometer seu controle financeiro.
Em 2024, dos R$ 2,8 trilhões transacionados em cartão de crédito, 41,1% foram pagos em parcelamento sem juros, totalizando R$ 1,3 trilhão. Compras à vista corresponderam a 57,4% do total (R$ 1,8 trilhão), enquanto apenas 1,2% do valor foi parcelado com juros. Nas compras presenciais, quase metade dos valores (49,5%) foi parcelado sem juros; no ambiente online, essa fatia chega a 47,6%.
Mesmo as compras do dia a dia, como supermercados, apresentam crescimento da modalidade: o peso das transações parceladas passou de 6,2% para 7,4% do valor total em um ano. O tíquete médio subiu de R$ 235 para R$ 270, e a inadimplência entre quem parcela nesses estabelecimentos é 30% maior do que entre os que pagam à vista.
Embora o parcelamento sem juros pareça oferecer facilidade imediata de pagamento, ele carrega um custo oculto que afeta todos os consumidores. Os lojistas antecipa m valores junto aos bancos, pagam taxas bancárias e repassam esses custos ao preço final, seja para quem parcela ou para quem paga à vista.
Ao parcelar despesas cotidianas sem planejamento, há risco de acúmulo de parcelas no orçamento, o que pode gerar pressões financeiras inesperadas no mês seguinte. Esse efeito bola de neve compromete o controle financeiro e aumenta a probabilidade de inadimplência.
Apesar dos riscos, o parcelamento pode ser uma ferramenta útil quando usado de forma estratégica e planejada. As situações mais recomendadas são:
A chave é reservar espaço no orçamento familiar para arcar com as prestações, sem sacrificar itens essenciais ou recorrer a crédito adicional.
Adotar hábitos financeiros saudáveis exige disciplina e informação. Confira sugestões para reduzir o uso indiscriminado do parcelamento e manter o orçamento equilibrado:
Com esses cuidados, é possível aproveitar vantagens do cartão e evitar armadilhas que comprometem o equilíbrio financeiro.
O parcelamento sem juros é um dos motores do consumo no Brasil. Segundo especialistas, se essa modalidade fosse restrita, o volume de vendas poderia sofrer retração de até R$ 190 bilhões por ano, e o custo de crédito aumentaria até 35%. Por outro lado, o uso descontrolado pode gerar bolhas de crédito, pressionar o sistema financeiro e elevar índices de inadimplência.
Equilibrar o consumo e a saúde financeira individual contribui para a estabilidade do mercado como um todo. Ao evitar o parcelamento sem necessidade real, o consumidor preserva seu orçamento, fortalece a capacidade de negociação e estimula práticas de crédito mais responsáveis.
Em última análise, a melhor estratégia é valorizar o planejamento e a educação financeira. Com informação e disciplina, cada brasileiro pode transformar o cartão de crédito em um aliado, não em uma armadilha.
Referências