Vivemos na era da globalização e do e-commerce sem fronteiras, mas manter o cartão internacional ativo o tempo todo pode gerar sérios transtornos.
Apesar da conveniência de adquirir produtos de qualquer parte do mundo, as constantes variações cambiais e as novas regras fiscais ampliam os custos e bolsos desavisados acabam pagando um preço alto.
Em 2024, o Brasil movimentou impressionantes valores em compras no exterior, totalizando R$ 14,83 bilhões em gastos e registrando cerca de 190 milhões de encomendas recebidas pelos Correios.
Esse crescimento se dá principalmente pela maior familiaridade do consumidor com plataformas estrangeiras e pela facilidade de encontrar produtos esgotados ou com preços mais atrativos no exterior.
No entanto, essa expansão coincide com a alta do dólar — que se manteve acima de R$ 5,70 em vários momentos do ano — e com a intensificação da fiscalização aduaneira.
O resultado é um custo final significativamente superior ao apresentado no carrinho virtual, especialmente quando o valor em reais tende a disparar conforme a moeda americana se valoriza.
A combinação de medidas federais e estaduais redefiniu as regras para importar produtos de pequeno valor. Em abril de 2025, o ICMS sobre importações simplificadas subiu de 17% para impressionantes 20% do montante total.
Essa alteração afeta diretamente encomendas de até US$ 50, que outrora eram quase isentas de taxas complexas, tornando a operação menos vantajosa.
O IOF, por sua vez, reduziu a alíquota para 3,38% em transações feitas no cartão internacional, com perspectiva de zerar gradualmente até 2028.
Adicionalmente, o Programa Remessa Conforme estabeleceu que compras até US$ 50 paguem 20% de Imposto de Importação, enquanto valores superiores têm 60% de cobrança, mas recebem um desconto fixo de US$ 20.
Em sites credenciados, todos esses tributos já são cobrados no momento da compra, o que garante entregas mais ágeis e evita surpresas no ato do desembarque aduaneiro.
É fundamental ler atentamente a descrição dos sites e verificar se todos os encargos estão incluídos, evitando aquelas “pegadinhas” que fazem o preço final subir sem aviso prévio.
Ativar continuamente as compras internacionais implica vários riscos, que vão além dos tributos. Nos últimos anos, a fiscalização contra produtos piratas e réplicas tornou-se mais rígida.
Centros de distribuição em Valinhos-SP e Curitiba-PR, criados para agilizar o desembaraço, ainda enfrentam desafios operacionais, resultando em atrasos na entrega e falhas no sistema de rastreamento.
Consumidores relatam episódios onde encomendas ficaram retidas por meses, sem informações concretas sobre o motivo do bloqueio.
Além disso, a Receita Federal tem reforçado a conferência de notas fiscais e documentos de importação, com maior incidência de retenção de pacotes por suposta violação de direitos autorais.
Outro problema recorrente é o aumento de cobranças indevidas em assinaturas recorrentes dentro de plataformas estrangeiras, dificultando a contestação e o estorno do valor.
Portanto, manter o canal internacional sempre aberto expõe o usuário a riscos de fraude internacional e a descontos inesperados pouco divulgados.
Essa prática simples economiza tempo e dinheiro, além de proteger seus dados em ambientes de compra desconhecidos.
Imagine não ter que disputar estornos complexos ou acompanhar longas filas de atendimento para resolver problemas de cobranças indevidas.
Em poucos segundos, o cartão fica protegido contra transações em moeda estrangeira, sem a necessidade de contato com central de atendimento.
Para cartões pré-pagos ou aplicativos de fintechs, o procedimento é igualmente rápido e pode ser feito várias vezes ao mês, sem custo adicional.
Ferramentas de gestão de despesas, como planilhas compartilhadas ou apps de orçamento, ajudam a visualizar melhor onde o dinheiro está sendo gasto.
Além disso, mantenha contato com o banco para esclarecimentos sobre qualquer cobrança suspeita, garantindo agilidade na resolução de problemas.
Manter a função internacional do cartão sempre ativa pode parecer conveniente, mas acarreta uma série de inconvenientes financeiros e de segurança.
Com as novas regras tributárias e a intensificação da fiscalização, a prática de desativar compras internacionais quando não estiver viajando é uma das mais eficazes para proteger seu orçamento.
Adote esse hábito, ajuste suas configurações com antecedência e desfrute de maior tranquilidade ao gerenciar suas finanças, sem surpresas indesejadas.
Referências